Agora sei, os preconceitos, medos e incompreensões são frutos deste distanciamento que mantemos em relação ao mundo, às pessoas, aos objetos de nossos temores. Estou me referindo a esta visão errada que eu tinha com relação aos usuários "anti-sociais" do crack, sim, um pré-conceito dissipado por dois motivos:
1- O conhecimento teórico que tivemos sobre o assunto aqui no blog através de reportagens, vídeos, entrevistas, etc.
2- A conversa que tive nesta noite com um morador de rua, dependente de crack. Eu deveria ter gravado a conversa e, não o fazendo, vou postar aqui alguns trechos, à medida em que eu for me lembrando, vou reeditando o texto no decorrer do dia, os nomes são fictícios.
Por causa do que aprendi aqui no blog sobre o assunto nos últimos dias, estou mais tranquilo quanto ao assunto. Ontem à noite, pela primeira vez conversei com um usuário de crack. Foi muito gratificante ter feito isso. Pela primeira vez conversei com um personagem deste mundo sem que eu tivesse imbuído deste olhar terapêutico que nos permeia assim como se fôssemos o que não somos: médicos. De fato vi que o meu interlocutor não quer saber desta coisa de "História da Minha Vida", pois ele deixou isso bem claro quando este spin propôs uma gravação de uma futura conversa. O nome dele é Edu das Trevas (nome fictício e adoto este nome porque a todo mundo ele se referia às trevas para refererir-se à sua realidade):
Edu Trevas: Você sabe o que é gente passar a noite toda acordado, na "lombra", e de manhã pegar o ônibus e ver-se diferente. Todo mundo arrumadinho, com suas pastas, indo para o trabalho, e a gente sujo, maltrapilho e exalando droga.
Spin (espantado mas apenas ouvindo):
Ele: Pois é. O mau cheiro da droga sai no suor. E....Um momento, alguém se aproxima. É o Mário Blaya.
Spin: Fala Mário Blaya
Mário Blaya: nossa, agora então seu dever esta cumprido!
para falar com um desses zumbis, e só parar em um semaforo em SP que ele vem pedir o dinheiro para comprar a pedra!
gente estranha são vcs!
(A partir de agora vou denominar o Sr. Blaya como Coro. Na condição de Coro, o pensamento comum, raso, superficial: O que a sociedade pensa. O que eu pensava até ontem à noite)
Um momento, o celular chama, eu deveria ter desligado todos os apare,b, não vou atender,,..é o fixo,,,é mais um do Coro,,, esse então é de arrancar os cabelos, tenho que sair, o Coro me convida para um churrasco, não o da gente diferenciada na Cracolândia mas no CEU da OAB.
Fui
Enquanto o carro
Depois eu volto para continuar o enredo
Desculpem-me, estou atrapalhado, é o Coro. Um me ataca por ter ouvido um usuário de crack, o outro não quer que eu vá para o "Churrasco Diferenciado".
Coro: Vamos para o Clube da OAB. Enchi o tanque do carro. Hoje a gente não vai de moto, não tem perigo chover.
Spin (em dúvida)
Coro: Vamos
Spion: Então tá. Eu vou. (Disse que iria quando percebi que poderia aprender mais e mais indo, assim como spinon, só para ver como são as coisas, afinal de contas, o que vou fazer lá). Este enredo já está muito grande para este site especifc, devo mudar de lugar. E volto minhas lembranças para a conversa de ontem à noite.
Edu Trevas.....
(Esqueci a fala do ET, foi no que deu não desligar todos os aparelhos para continuar esta história). Branco geral, fui. O coro venceu.
Segundo Ato (Em construção)
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